quinta-feira, 26 de março de 2015

Sobre forjas e Arcanjos tripolares

Parece que "santo de casa" realmente não faz milagre, como já é de costume por essas plagas, é preciso que venha alguém de fora para dizer umas verdades óbvias: 1 ."O povo Brasileiro é Arcaico." - 2. "O Brasil precisa forjar o seu logos nacional" (referência à conferência do Professor A. Dugin no último Encontro Nacional Evoliano).
Sim, forjar-se enquanto nação, encontrar seu próprio "arcanjo". A própria soberania, auto determinação e projeção geopolítica consistente, passam primeiro pela independência espiritual, através da forja, ou encontro da "alma nacional", por essa gesta civilizatória do descobrimento de um Logos Sacro.
Por certo, ainda não podemos dizer com certeza que esse Logos subsista de forma unitária, ou fragmentada em função de suas diferentes matrizes étnicas.
 Mas se ainda não sabemos, ou não queremos saber, sobre o que somos, Oliveira Vianna nos ajudou muito bem a saber sobre o que não somos. No mapeamento que realizou sobre as forças vivas, componentes da proto nação, determinados pontos se estabelecem de forma clara.
Em primeiro lugar se reconhece sua vocação Autárquica, Autoritária e Patriarcal; a ausência de uma vocação democrática, principalmente em sua forma representativa e liberal. Segue-se de uma dinâmica de povoamento refratária ao comunitarismo, tendo predominado a estrutura do "Oikos" antes da "Polis", onde Datas, Lotes, Capitanias e Sesmarias provaram-se como estratégias de ocupação territorial que fomentavam o isolacionismo e um direito costumeiro. O insolidarismo e o anti urbanismo, fundados nas autarquias agrárias, baseadas em Clãs, onde cada família constituía em si uma "república", finalizam este retrato do Brasil profundo, arcaico e anti moderno por essência.
Partindo de tais premissas, Vianna já percebia o descompasso endêmico entre esse Brasil profundo e as Instituições pós imperiais que visavam atrelar esta sui generis constelação, em cuja formação dialogavam matrizes culturais que iam do Neolítico ao semi feudalismo, ao turbilhão atroz do processo de modernização, republicano, liberal e democratizante.
Nos batemos aqui com o questionamento: O que significa modernidade fora do eixo ocidental? Um processo institucionalizador inexorável, ou um discurso generalizante em busca de hegemonia?
Independente da resposta, este parece ser um fluxo no qual já estamos, de toda forma, imersos; e uma chave para a convivência entre o moderno e o arcaico, uma arqueomodernidade, deve passar pela própria resignificação do que é moderno a partir de um logos arcaico. A ausência de um polo definitivo, nesse logos arcaico, nos traz a necessidade de criar, imaginar. Buscar nos repositórios simbólicos mais profundos de nossas ancestralidades, os protótipos espirituais desse Logos Sacro.
Esse diálogo entre o moderno e o arcaico, por sua vez, traz em seu bojo uma flagrante necessidade de ajustes e adequações institucionais ao aparelho estatal, que acertadamente, Alberto Torres e Oliveira Vianna relacionam com a reorganização corporativa das representações políticas da sociedade civil e do poder legislativo, bem como com a construção de um quarto poder coordenador, vitalício e soberano.
Tal debate não poderia ser mais atual. Torres e Vianna insistem em um tópico pétreo, o da inadequação do modelo de democracia liberal importado pelos republicanos de 1891, fazendo assim, moção de repúdio ao esboço do transplante das estruturas políticas anglo saxônicas ao Brasil.
 Na busca pela composição de instituições políticas sociologicamente fundamentadas, que salvaguardassem de fato os interesses da nação em forja, encontrava-se a clara noção de que não existem estruturas políticas universalizáveis, senão aquelas que prendem em cadeias irresistíveis os estados de nações não forjadas aos domínios de potências em busca de hegemonia. Como forma de subverter a sanha liberal democrata, a anarquia das facções partidárias e seus clãs regionais, no texto "Organização Nacional", Alberto Torres irá propor a criação do "Poder Coordenador", herdeiro do legado político e das funções do antigo e Imperial "Poder Moderador". Este "novo" poder teria o fito de dar uma totalidade orgânica às forças sociais da nacionalidade, oferecendo uma direção uniforme e comum, superando disparidades, dissociações e conflitos provinciais.
 Todas estas questões permanecem tragicamente atuais, e quando se fala, por exemplo, em uma nova constituinte e aumento da inserção popular no poder decisório, via "sociedade civil", uma acertada maneira de se impedir o sequestro das representações políticas, visto que todas as forças políticas organizadas em hegemonia no Brasil têm interesses próprios e divergentes dos interesses nacionais mais básicos, está na regularização dos conselhos técnicos nacionais e na organização corporativa desta própria "sociedade civil", traçando como critério o lugar que ocupam na produção, seja material, ou imaterial, os diversos grupos de interesse organizados; e que a convergência desses interesses seja o interesse nacional supremo, filtradas as diversas tendências ideológicas.
Estes resumidos apontamentos buscam oferecer novas pontes e uma contribuição para os esforços intelectuais contemporâneos na construção de um novo nível ideológico que supere a metáfora direita-esquerda em prol de uma síntese política da arqueomodernidade.

Pensando sobre prioridades


#Cancão Serrano

Diante da polarização cada vez mais aguda, manter-se na neutralidade ou, mais duro ainda, criar uma terceira opção tem se mostrado cada vez mais difícil. E nesta dificuldade parece se encontrar os que se alinham a um pensamento dissidente no Brasil.

Não há movimento intelectual organizado, nem de massas, nem partidário que encabece uma terceira via ou dê voz a tons genuinamente dissidentes no país. Não há, nos termos do Evola, sequer uma “Direita Autêntica” organizada. Nem surgirá pronta amanhã, num piscar de olhos. È necessário ter isto em mente constantemente e iniciar os trabalhamos em prol de vanguardas, elites intelectuais, formulações filosóficas que viabilizem tal coisa no futuro. Se for uma opção tradicionalista, será necessário começar de cima para baixo não de baixo para cima (nos moldes do materialismo marxista).

As alternativas que aí estão, não são as melhores, convenhamos, mas são o que há: de uma lado os PTistas, MST, ONGs e Movimentos “Sociais”, Extrema Esquerda, etc. Do outro alguns setores da Esquerda moderada, Liberais, Olavetes e descontentes não-organizados de diversos matizes (militaristas, etc.). Para nossos fins cá, chamarei o primeiro lado de “Esquerda que aí está” e o último de “Direita que aí está”.

Os “dissidentes” que romantizam o cariz “antiliberal” do lado da “Esquerda que aí está”, fecham os olhos para o progressismo moral, antitradicionalismo iconoclasta e a libertinagem que este promove, no melhor do espírito liberal em costumes pós-iluminista. Os que, por outro lado, miram a “Direita que aí está”, por vezes negligenciam o aspecto liberalizante-globalizante-lambe-botas-americano (e antinacional) que se mostra nestas manifestações.

Uma terceira opção realmente pujante, daria voz a Nacionalistas, Monarquistas e similares – vigorosamente combatendo o vírus da subversão comunista e da degeneração do capital apátrida, esforçando-se por um Brasil realmente grande, líder da América do Sul. Só aceitaria, radicalmente, um mundo Multipolar onde o polo da América do Sul fosse liderado pelo Brasil, liderado em armas, em economia e, no principal, no discurso e projeto civilizacional (no “logos”). Um mundo multipolar onde o pólo Sulamericano seja encabeçado por qualquer outra potência, mesmo uma vizinha, que não o Brasil (pela seu pelo geográfico e estratégico que deve ser transformado em peso geopolítico), não servirá a esta terceira opção.

Há um certo consenso sobre o papel que os EUA desempenham no cerceamento das possibilidades geopolíticas do Brasil, nisto não há muita discordância. Mas há acerca do modo de conceber a integração Sulamericana. Crer que é melhor ao Brasil ser escravo (ou “parceiro”) da Venezuela que dos EUA é, antes de qualquer coisa, uma opção ideológica e não a consequência lógica de um nacionalista radicalmente comprometido com a Soberania e Grandeza de seu país. Isto demonstra muito mais seu fetiche de satanização dos EUA, num nível maniqueísta e moralista (nietzscheanamente). O melhor para o Brasil é que ele tome as rédeas de si, não que se venda por conveniência ideológica (já que os partidos que aí estão falharam em não elaborar o “logos” nacional, em não formarem um projeto de grandeza, uma vez que no fundo, estão comprometidos com o Niilismo, Modernismo, Materialismo e Antipatriotismo). Se o governo que aí está não conseguiu forjar um “logos” nacional, nem se comprometeu radicalmente pelo bem da Pátria, não decorre como consequência lógica que temos que nos sujeitar ao “vizinho” que tentou mais exitosamente fazê-lo. Não adianta posar de “dissidente”, “Evoliano”, “tradicionalista” e no final juntar-se a Extrema Esquerda, MST, ONGs de gênero, etc. apoiando a doutrina e discurso oficial da acomodada hegemonia universitária médio-burguesa que vê a si mesma como genuína representante do Povo e do Trabalhador, ou pior, das aspirações mais sublimes e excelsas do País, por mera birra anti-liberal. Utilizemos como critério límpido para separar os “vendidos”, ou simplesmente cooptados pela “Esquerda que aí está” a preferência em ver o país sob lençóis “Bolivarianos”, apoio ao MST, etc.

O projeto “Pátria Grande” não é nosso, não é criação do Gênio brasílico, Bolivarianismo é uma doutrina exógena, estrangeira tanto quanto o liberalismo internacionalista. É importante não se deixar levar por “palavras-gatilho” como “sionista”, “liberal”, etc. Escondendo uma mentalidade moralista e puritana, imersa na retórica maniqueísta da luta do Bem contra o Mal e no desejo (pseudo-angelical, diria Guillaume Faye) de “salvar o mundo”, “fazer o Bem”, mostrar-se “revolucionário-idealista-do-bem-cor-de-rosa-quase-um-Chê-Guevara”.

O compromisso radical do Identitário, será com seu Solo e seu Sangue, como dirá o aboiador encourado montado em seu alazão, “Sertão Varonil, tu és meu Brasil, meu berço e meu lar!”. O sujeito de uma terceira via que abre a boca pra gritar “Foda-se EUA!”, deverá gritar igualmente “Foda-se Venezuela!”.

Uma vez que nossa possibilidade não está feita, aqui e agora, devemos tomar a opção agora que melhor possibilite que nossa opção surja, forte e vigorosa. Se o corpo político moribundo já balança, curemo-lo com veneno. Eis o sentido do “Cavalgar o Tigre”. Achar que a salvação está na “Pátria Grande” bolivariana ou na cidadania de consumo global norte-americana é estar a zombar dos esforços egrégios incrustados na Pedra do Reino, nos vestígios submersos do arraial de Canudos, nas empoeiradas folhas dos esquecidos livros que falam do Quinto Império. É necessário começar a preparar as condições para que o Logos Nacional se manifeste, se materialize, unindo o passado ou futuro numa iluminação atemporal.

Qual a prioridade agora, aqui? O Brasil ou a “derrota” dos Americanos? No primeiro caso, tirar o PT e lavar o país, será a opção, mesmo que isto signifique se aliar a Olavetada e aos Liberais internacionalistas. Significará dar-lhes a vitória momentânea, afinal, estão mais organizados, para então, em oposição a eles, estruturar a terceira via necessária. Significará dar um passo para trás para dar dois para a frente. O próprio PT cresceu, e muito é devedor deste crescimento, na oposição às nuances liberais dos governos esquerdistas moderados do PSDB. A FN francesa hoje, por exemplo, deve muito do seu crescimento a humilhação de ser capacho dos EUA, via OTAN. Historicamente, sempre que houve uma força de terceira via forte, organizada, deixar para lutar com os Liberais depois mostrou-se estrategicamente mais vantajoso, que lutar contra o fanatismo religioso da Extrema Esquerda; daí que o movimento tático fora aliar-se a liberalada para esmagar a serpente comunista, para só então brigar radicalmente contra os internacionalistas liberais/vendilhões da Pátria. A opção radical pela derrota dos EUA, significará sacrificar o Brasil enquanto Pátria, para diluí-lo na “Pátria Grande” Bolivariana, fortalecendo o PT agora e torcendo para que este direcione o país para a “oposição” global, liderada pela Rússia, Irã e Venezuela.

Algumas pessoas do meio dissidente talvez tomem como certo, e apostem todas as suas fichas, que no caso de uma Tereceira Guerra Mundial, o Brasil do PT, prontamente se disporá, imediatamente anunciará sua adesão ao lado russo, contra os EUA. E por isto, mesmo sem gostarem do MST ou do Jean Willys, entram na mesma trincheira destes pelo ódio mortal aos EUA. É bom lembrar que, o fato do Brasil vender bem (ou possuir afinidades ideológicas) para a China ou Rússia, não significa que prontamente estará no lado deste numa deflagração mundial: não esqueçamos do que aconteceu na primeira Era Vargas, naquela época Itália e Alemanha eram grandes parceiros comerciais (e de certas afinidades ideológicas) também. Por mais que a massa esquerdista arda de desejos no antiamericanismo, os quadros acomodados e já velhos do PT (alguns até felizes pelo Brasil do Vargas ter lutado do lado “certo” da 2ª Guerra), talvez não disponham do mesmo entusiasmo. Realmente, será quase impossível um Brasil comandado pelos liberais e olavetes estarem do lado da Rússia. Mas um Brasil comandado pelo PT não significa, assim tão inexoravelmente, uma adesão imediata ao lado russo. Acreditar que significa é muito mais um ato de fé do que uma real constatação das possibilidades. É possível? é, é mais possível? é também, mas é absolutamente certo? Não. Crer que sim, é dar um salto na fé, estejam cônscios.

E novamente fazemos a pergunta, qual é a prioridade AGORA, o Brasil? Ou “derrotar” os EUA? Na atua conjuntura temos de eleger uma prioridade, sem grupo organizado e influente, não tem como levar os 2 ao mesmo tempo e ter êxito.

A questão é que a escolha deve ser feita pensando no depois. Uma vez que se admite que não há “salvação”, opção realmente que valha a pena, será mais prudente tomar uma opção que melhor garanta o surgimento de uma tal terceira via no futuro. Ajudar a trucidar a “Esquerda que aí está” dando poder a “Direita que aí está” será melhor ou pior para o surgimento de uma tal terceira posição? Derrotar a “Direita que aí está” ajudando a “Esquerda que aí está” será melhor ou pior no futuro?

Será mais fácil uma organizar e fortalecer uma terceira opção, na oposição a um governo liberal internacionalista ou em um governo bolivariano da “Pátria Grande”?

O assunto é complicado e os tempos agitados dificultam ainda mais as coisas. Me parece, que a opção mais fecunda para termos uma terceira posição realmente forte e combativa, para o bem do País, seria agora lutar contra a ameaça bolivariana. Dar um passo para trás (para darmos dois para frente). E não dois para frente (para dar um passo para trás), como quer o Lenin.
Em breve um novo modo de ver as coisas...