#Cancão Serrano
Diante
da polarização cada vez mais aguda, manter-se na neutralidade ou, mais duro ainda, criar uma terceira opção tem se mostrado cada vez mais
difícil. E nesta dificuldade parece se encontrar os que se alinham a
um pensamento dissidente no Brasil.
Não
há movimento intelectual organizado, nem de massas, nem partidário
que encabece uma terceira via ou dê voz a tons genuinamente
dissidentes no país. Não há, nos termos do Evola, sequer uma
“Direita Autêntica” organizada. Nem surgirá pronta amanhã, num
piscar de olhos. È necessário ter isto em mente constantemente e
iniciar os trabalhamos em prol de vanguardas, elites intelectuais,
formulações filosóficas que viabilizem tal coisa no futuro. Se for
uma opção tradicionalista, será necessário começar de cima para
baixo não de baixo para cima (nos moldes do materialismo marxista).
As
alternativas que aí estão, não são as melhores, convenhamos, mas
são o que há: de uma lado os PTistas, MST, ONGs e Movimentos
“Sociais”, Extrema Esquerda, etc. Do outro alguns setores da
Esquerda moderada, Liberais, Olavetes e descontentes não-organizados
de diversos matizes (militaristas, etc.). Para nossos fins cá,
chamarei o primeiro lado de “Esquerda que aí está” e o último
de “Direita que aí está”.
Os
“dissidentes” que romantizam o cariz “antiliberal” do lado da
“Esquerda que aí está”, fecham os olhos para o progressismo
moral, antitradicionalismo iconoclasta e a libertinagem que este
promove, no melhor do espírito liberal em costumes pós-iluminista.
Os que, por outro lado, miram a “Direita que aí está”, por
vezes negligenciam o aspecto
liberalizante-globalizante-lambe-botas-americano (e antinacional) que
se mostra nestas manifestações.
Uma
terceira opção realmente pujante, daria voz a Nacionalistas,
Monarquistas e similares – vigorosamente combatendo o vírus da
subversão comunista e da degeneração do capital apátrida,
esforçando-se por um Brasil realmente grande, líder da América do
Sul. Só aceitaria, radicalmente, um mundo Multipolar onde o polo da
América do Sul fosse liderado pelo Brasil, liderado em armas, em
economia e, no principal, no discurso e projeto civilizacional (no
“logos”). Um mundo multipolar onde o pólo Sulamericano seja
encabeçado por qualquer outra potência, mesmo uma vizinha, que não
o Brasil (pela seu pelo geográfico e estratégico que deve ser
transformado em peso geopolítico), não servirá a esta terceira
opção.
Há
um certo consenso sobre o papel que os EUA desempenham no cerceamento
das possibilidades geopolíticas do Brasil, nisto não há muita
discordância. Mas há acerca do modo de conceber a integração
Sulamericana. Crer que é melhor ao Brasil ser escravo (ou
“parceiro”) da Venezuela que dos EUA é, antes de qualquer coisa,
uma opção ideológica e não a consequência lógica de um
nacionalista radicalmente comprometido com a Soberania e Grandeza de
seu país. Isto demonstra muito mais seu fetiche de satanização dos
EUA, num nível maniqueísta e moralista (nietzscheanamente). O
melhor para o Brasil é que ele tome as rédeas de si, não que se
venda por conveniência ideológica (já que os partidos que aí
estão falharam em não elaborar o “logos” nacional, em não
formarem um projeto de grandeza, uma vez que no fundo, estão
comprometidos com o Niilismo, Modernismo, Materialismo e
Antipatriotismo). Se o governo que aí está não conseguiu forjar um
“logos” nacional, nem se comprometeu radicalmente pelo bem da
Pátria, não decorre como consequência lógica que temos que nos
sujeitar ao “vizinho” que tentou mais exitosamente fazê-lo. Não
adianta posar de “dissidente”, “Evoliano”, “tradicionalista”
e no final juntar-se a Extrema Esquerda, MST, ONGs de gênero, etc.
apoiando a doutrina e discurso oficial da acomodada hegemonia
universitária médio-burguesa que vê a si mesma como genuína
representante do Povo e do Trabalhador, ou pior, das aspirações
mais sublimes e excelsas do País, por mera birra anti-liberal.
Utilizemos como critério límpido para separar os “vendidos”, ou
simplesmente cooptados pela “Esquerda que aí está” a
preferência em ver o país sob lençóis “Bolivarianos”, apoio
ao MST, etc.
O
projeto “Pátria Grande” não é nosso, não é criação do
Gênio brasílico, Bolivarianismo é uma doutrina exógena,
estrangeira tanto quanto o liberalismo internacionalista. É
importante não se deixar levar por “palavras-gatilho” como
“sionista”, “liberal”, etc. Escondendo uma mentalidade
moralista e puritana, imersa na retórica maniqueísta da luta do Bem
contra o Mal e no desejo (pseudo-angelical, diria Guillaume Faye) de
“salvar o mundo”, “fazer o Bem”, mostrar-se
“revolucionário-idealista-do-bem-cor-de-rosa-quase-um-Chê-Guevara”.
O
compromisso radical do Identitário, será com seu Solo e seu Sangue,
como dirá o aboiador encourado montado em seu alazão, “Sertão
Varonil, tu és meu Brasil, meu berço e meu lar!”. O sujeito de
uma terceira via que abre a boca pra gritar “Foda-se EUA!”,
deverá gritar igualmente “Foda-se Venezuela!”.
Uma
vez que nossa possibilidade não está feita, aqui e agora, devemos
tomar a opção agora que melhor possibilite que nossa opção surja,
forte e vigorosa. Se o corpo político moribundo já balança,
curemo-lo com veneno. Eis o sentido do “Cavalgar o Tigre”. Achar
que a salvação está na “Pátria Grande” bolivariana ou na
cidadania de consumo global norte-americana é estar a zombar dos
esforços egrégios incrustados na Pedra do Reino, nos vestígios
submersos do arraial de Canudos, nas empoeiradas folhas dos
esquecidos livros que falam do Quinto Império. É necessário
começar a preparar as condições para que o Logos Nacional se
manifeste, se materialize, unindo o passado ou futuro numa iluminação
atemporal.
Qual
a prioridade agora, aqui? O Brasil ou a “derrota” dos Americanos?
No primeiro caso, tirar o PT e lavar o país, será a opção, mesmo
que isto signifique se aliar a Olavetada e aos Liberais
internacionalistas. Significará dar-lhes a vitória momentânea,
afinal, estão mais organizados, para então, em oposição a eles,
estruturar a terceira via necessária. Significará dar um passo para
trás para dar dois para a frente. O próprio PT cresceu, e muito é
devedor deste crescimento, na oposição às nuances liberais dos
governos esquerdistas moderados do PSDB. A FN francesa hoje, por
exemplo, deve muito do seu crescimento a humilhação de ser capacho
dos EUA, via OTAN. Historicamente, sempre que houve uma força de
terceira via forte, organizada, deixar para lutar com os Liberais
depois mostrou-se estrategicamente mais vantajoso, que lutar contra o
fanatismo religioso da Extrema Esquerda; daí que o movimento tático
fora aliar-se a liberalada para esmagar a serpente comunista, para só
então brigar radicalmente contra os internacionalistas
liberais/vendilhões da Pátria. A opção radical pela derrota dos
EUA, significará sacrificar o Brasil enquanto Pátria, para diluí-lo
na “Pátria Grande” Bolivariana, fortalecendo o PT agora e
torcendo para que este direcione o país para a “oposição”
global, liderada pela Rússia, Irã e Venezuela.
Algumas
pessoas do meio dissidente talvez tomem como certo, e apostem todas
as suas fichas, que no caso de uma Tereceira Guerra Mundial, o Brasil
do PT, prontamente se disporá, imediatamente anunciará sua adesão
ao lado russo, contra os EUA. E por isto, mesmo sem gostarem do MST
ou do Jean Willys, entram na mesma trincheira destes pelo ódio
mortal aos EUA. É bom lembrar que, o fato do Brasil vender bem (ou
possuir afinidades ideológicas) para a China ou Rússia, não
significa que prontamente estará no lado deste numa deflagração
mundial: não esqueçamos do que aconteceu na primeira Era Vargas,
naquela época Itália e Alemanha eram grandes parceiros comerciais
(e de certas afinidades ideológicas) também. Por mais que a massa
esquerdista arda de desejos no antiamericanismo, os quadros
acomodados e já velhos do PT (alguns até felizes pelo Brasil do
Vargas ter lutado do lado “certo” da 2ª Guerra), talvez não
disponham do mesmo entusiasmo. Realmente, será quase impossível um
Brasil comandado pelos liberais e olavetes estarem do lado da Rússia.
Mas um Brasil comandado pelo PT não significa, assim tão
inexoravelmente, uma adesão imediata ao lado russo. Acreditar que
significa é muito mais um ato de fé do que uma real constatação
das possibilidades. É possível? é, é mais possível? é também,
mas é absolutamente certo? Não. Crer que sim, é dar um salto na
fé, estejam cônscios.
E
novamente fazemos a pergunta, qual é a prioridade AGORA, o Brasil?
Ou “derrotar” os EUA? Na atua conjuntura temos de eleger uma
prioridade, sem grupo organizado e influente, não tem como levar os
2 ao mesmo tempo e ter êxito.
A
questão é que a escolha deve ser feita pensando no depois. Uma vez
que se admite que não há “salvação”, opção realmente que
valha a pena, será mais prudente tomar uma opção que melhor
garanta o surgimento de uma tal terceira via no futuro. Ajudar a
trucidar a “Esquerda que aí está” dando poder a “Direita que
aí está” será melhor ou pior para o surgimento de uma tal
terceira posição? Derrotar a “Direita que aí está” ajudando a
“Esquerda que aí está” será melhor ou pior no futuro?
Será
mais fácil uma organizar e fortalecer uma terceira opção, na
oposição a um governo liberal internacionalista ou em um governo
bolivariano da “Pátria Grande”?
O
assunto é complicado e os tempos agitados dificultam ainda mais as
coisas. Me parece, que a opção mais fecunda para termos uma
terceira posição realmente forte e combativa, para o bem do País,
seria agora lutar contra a ameaça bolivariana. Dar um passo para
trás (para darmos dois para frente). E não dois para frente (para
dar um passo para trás), como quer o Lenin.
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